Portugal 2020

EUA abstém-se no levantamento do embargo a Cuba

A Assembleia Geral da ONU aprovou pela 25ª vez uma resolução que pede o levantamento do embargo dos EUA a Cuba, mas desta vez não se registaram votos contra. A resolução, apresentada anualmente por Cuba, e votada Quarta-feira 26 de Outubro, recebeu 191 votos a favor e 2 abstenções. Uma dos EUA e a outra de Israel, que se manifestaram contra durante 24 anos. A abstenção dos EUA vem no seguimento do processo de normalização das relações diplomáticas, após mais de meio século de divergências. A reabertura da embaixada americana em Havana, o levantamento das restrições para viagens de cidadãos americanos a Cuba bem como a visita de Obama a Cuba em Março deste ano, representaram sinais claros da nova política que os EUA e Cuba estavam prontos para assumir. Samantha Power, representante dos EUA na ONU explicou que “a resolução é um exemplo perfeito de que a política americana de isolar Cuba não estava a funcionar” e que “em vez de isolar Cuba, esta política isolava os EUA, incluindo na ONU”. Por sua vez, o chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodríguez, considerou que a abstenção americana é “um passo positivo”, mas lamentou que o embargo continue a ser uma realidade. “É necessário, portanto, julgar pelos fatos. O importante e concreto é a desmontagem do bloqueio, mais que os discursos, as declarações de imprensa ou inclusive o voto de uma delegação nesta sala”, disse. As resoluções da Assembleia Geral da ONU não são juridicamente vinculativas. Para que o embargo seja levantado deverão ser reunidos os votos da maioria do Congresso norte-americano, dominado pelos conservadores do Partido Republicano que pretendem mantê-lo. Esta votação ocorreu no dia em que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, em visita oficial a Cuba, se encontrou com Fidel Castro e Raúl Castro em Havana.